quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Dossiê Jd. Leonor - 2º Parte


Postagem anterior: Dossiê Jd. Leonor 1º parte

Saímos então do surgimento fácil do São Paulo FC e vamos agora entender o que ocorreu em seus quatro anos iniciais:

Clube de Regatas Tietê:
Um dos mais tradicionais clubes da cidade foi o personagem central de uma das mais controversas fusões de que se tem noticia dentro do futebol, em 1934 o Tietê era o clube com o maior numero de sócios da cidade, até este momento não se dedicava ao futebol, e o que o SPFC tem haver com isso?

 O SPFC havia sido campeão em 31, vice em 32, 33 e 34, um clube forte que buscava "novos horizontes". Grande parte da diretoria do SPFC era remanescente do Paulistano, em função disto queriam que o SPFC tivesse também uma luxuosa sede social que fosse desvinculada do futebol, razões para isso não faltavam e também deixaria o clube com uma estrutura muito superior aos demais concorrentes, vale lembrar que nesta época os clubes centralizavam as atividades esportivas e também a vida social da cidade, outro clubes possuíam grandes sedes e promoviam grandes eventos, o patrimônio maior do SPFC era unicamente o Estádio da Floresta.
 Definiu-se então a compra de um palacete chamado Trocadero, que ficava na região central da cidade, mas o valor do imóvel era extremamente auto pra época, e ainda haviam grandes brigas internas devido a problemas com a CBD que aliciou jogadores do SPFC (e de muitos outros clubes também) para a Copa de 34.
 Havia claramente um racha politico interno que foi duramente golpeado com a aquisição da nova propriedade, associados temiam que este valor fosse repassado nas mensalidades e que eles acabassem pagando por erros administrativos.
 O fato é que o valor apesar de elevado, provavelmente não comprometeria tanto assim a receita do clube, e o motivo era até que simples, o Estádio da Floresta era um dos principais da cidade e constantemente alugado para partidas de futebol, além das rendas proporcionadas por jogos oficiais.
 Muitos associados preferiam que o clube deixasse o futebol de lado, outros temiam que o SPFC tivesse o mesmo destino do Paulistano, e na realidade tudo levava a isso, o Estudantes da Moóca foi praticamente fundado dentro do clube, o cenário não era realmente dos melhores.
 O Estádio da Floresta era ao lado do Tiete, esta proximidade física também aproximou dirigentes, muitos pertenciam às duas associações, então tiveram a ideia de uma fusão entre os dois clubes.
 O Tiete, mesmo sendo enorme nunca havia se aventurado no futebol e não havia como negar a força que o esporte havia adquirido nas duas ultimas décadas, e não seria uma fusão qualquer, era o vice campeão, o melhor estádio, e ainda poderia contar com simpatizantes órfãos do Paulistano.
 A fusão foi aprovada e o Tiete assimilou as dividas bem como todos os bens do SPFC.
 Esta fusão não foi muito bem aceita por vários jogadores que viram no Estudantes da Moóca um clube com mais identificação, e pra lá se foi grande parte dos vice-campeões de 34, o SPFC foi oficialmente extinto, o Tiete passou a se chamar Tiete-São Paulo
 O Tiete se inscreve no Paulista com o nome de Independente Esporte Clube, disputa as seletivas e não consegue um resultado positivo, o que levou a uma grande pressão dos antigos associados para que o clube desistisse do futebol, afinal o time era fraco e em campo foi um grande desastre.
 O Tiete estingue o departamento de futebol.
 Antigos associados do SPFC entram na justiça comum e conseguiram impedir o Tiete de usar as cores e símbolos do SPFC, mas a divida continuou com o clube.
 O Tietê mesmo sem ter disputado é oficialmente o campeão paulista de 1931.
 Essa é a versão oficial sustentada pelo próprio São Paulo, que diz que foi uma questão unicamente politica, mas...
 Analisando os fatos, o SPFC cheio de dividas e com grande racha politico se funde ao Tiete que viu neste negocio a chance de entrar para o futebol.
 O Tiete foi prejudicado por não receber todos os atletas que deveria, monta um time fraco que não consegue se qualificar para o Paulista, a situação se torna insustentável e o clube se vê forçado a abandonar o futebol e é proibido de usar a marca que havia acabado de comprar.
 Resumindo, o Tiete comprou, mas não levou, e ainda foi obrigado a pagar uma divida que nem sua era.

 O Tiete manteve por todos estes anos o Estádio da Floresta, mas sem as arquibancadas, porém o campo ainda esta lá, o palco de grandes partidas de futebol e o símbolo gigantesco de pura fata de ética e moralidade.

 Meses depois em 1935 o SPFC é refundado. O clube conseguiu acabar com todo o enorme patrimônio de seus patriarcas o Atlético das Palmeiras e o Paulistano, muita incompetência.

Dados históricos incoerentes:
O próprio SPFC admite que um dirigente do Estudantes da Moóca se ofereceu para quitar suas dividas, pois bem, a fusão com o C.R. Tietê ocorreu em 1935, o Estudantes da Moóca foi fundado em 1937?

 Até este momento:
 A. A. da Palmeiras, C. A. Paulistano e C. R. Tiete tiveram seu departamento de futebol fechado diretamente em função de intervenção são-paulina. Todos os três clubes foram gigantes em sua época, sem lógica alguma não conseguirem se manter.

 Nota: Infelizmente hoje, 29/11/2012(data da publicação desta postagem), as 9:00 da manha a sede social do Clube de Regatas Tietê foi desapropriada pela prefeitura de São Paulo, o projeto da prefeitura não incluí a preservação do Estádio da Floresta.

Continua...
3º Parte
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