terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Dossiê Jd. Leonor - 5º Parte


Postagem anterior: Dossiê Jd. Leonor 4º parte
Tempos de guerra:

O Palestra já havia resolvido seus problemas e o SPFC não havia lucrado com a situação desesperadora de clubes esportivos de menor expressão. Cabe ressaltar que os alemães e italianos eram óbviamente os clubes com maiores problemas.
 Assim, em uma região em que hoje encontra-se o Canindé, havia um clube de origem alemã, um clube familiar que se dedicava principalmente á prática de esportes menos populares como o atletismo e a ginástica.
 Apesar de não dispor de um time de futebol, a agremiação mantinha em suas dependências campos para a prática de seus associados, além de pistas de atletismo, ciclovias e lagos em excelente estado que eram utilizados para a prática da natação de seus atletas.
 Sem o mesmo poder político e sem o apelo popular que o palestra emanava, o SPFC encontrara uma presa fácil para concretizar os planos que outrora esbarraram no clube italiano.
 Embora o clube contasse com toda a estrutura já mencionada e seu terreno fosse, sem sombra de dúvidas, bastante maior do que a área ocupada atualmente pela Portuguesa de Desportos, o Tricolor Paulista afirma ter comprado apenas, praticamente um lote baldio e, por tanto, sem qualquer estrutura.Uma das primeiras atitudes do Deustch para cessar as represálias foi abrasileirar seu nome.
 O clube agora passava a chamar-se Guarani, contudo as represálias continuaram e uma nova exigência obrigava-o a transferir todos os seus bens a um brasileiro nato.
 Eis que surge então o SPFC.
 Diz a lenda que a agremiação recebeu cerca de 740 contos de réis, que seria o equivalente a "Quatro Leônidas!!!!!!" (Impressionante!!!)Demagogia seria a palavra correta.
  Alguém por exemplo acredita que o valor de Leônidas na época seria por exemplo o mesmo valor de mercado de um Neymar nos dias atuais? Óbvio que não! E embora não fosse um valor exorbitante, foi pago em suaves e intermináveis prestações, o que, inclusive parece ser motivo de orgulho para os são-paulinos.O fato é que o valor mercadológico dos passes dos atletas não reflete em absolutamente NADA a realidade dos dias atuais.
 O valor foi abaixo do mercado, fato que era abertamente admitido no site tricolor até que perceberam a gafe e substituiram o texto, valorizando a negociação com Leônidas.
 Como comparação temos por exemplo a compra da área de Heliopolis no mesmo ano, em uma localização bem menos valorizada, valor: 25.000 contos de réis, ou até mesmo a construção da Ponte das Bandeiras pela prefeitura ao custo de 4.700 contos de réis.Vale lembrar que o atleta em questão havia acabado de sair da prisão, o que fez com que vários clubes tivessem medo de negociar com ele e perder o dinheiro.
 Apesar de seu passe estar literalmente desvalorizado, o São paulo não teria fundos suficientes para arcar com a empreitada.
 Finalmente, o que ocorreu foi a compra do terreno que ficou em nome de Cícero Pompeu de Toledo.
 A dívida foi sendo quitada aos poucos, e os alemães, como se não bastasse, perderam todos os seus associados para o próprio São Paulo, os quais foram, portanto, facilmente aliciados.O conto de fadas divulgado em nada reflete a realidade, pois esta é constituida por pressões políticas absurdas, desvalorização de propriedade e uma incrível, ou melhor INACREDITÁVEL coincidência.
Querer nos enfiar esta história goela abaixo, como se fosse natural e ainda pior, querer que acreditemos que na realidade o SPFC ajudou o Sportive, já é demais.
 É inacreditável a capacidade inventiva de certos ditadores que se perpetuam dentro do futebol, aproveitando-se de uma guerra a fim de simplesmente obter lucro, passando por cima de quem quer que seja.
É imoral, anti-ético e de total falta de respeito!
Este foi o triste fim de mais um clube que poderia estar ativo até os dias atuais, assim como tantos outros, que, curiosamente ou não, tiveram seu fim direta ou indiretamente relacionado a um certo time. A elite mostra, mais uma vez, que faz o que bem entende, sem escrúpulo algum.Domingo, 9 de dezembro de 2012



O que teve demais neste dia?


A inauguração da Árvore de Natal do Parque Ibirapuera...

Fontes dançantes, queima de fogos, uma festa repleta de paulistanos em um de seus cartões postais.

O que o SPFC teria a ver com isso?

Tudo, pois o estádio Tricolor seria construido naquele local. O parque não existiria, não fosse a incessante luta de um dos maiores paulistanos da história: Jânio da Silva Quadros, o homem da vassoura.

Assumindo o cargo de vereador como suplente em 1949, o então desconhecido Jânio Quadros passou a perseguir ferrenhamente a corrupção dentro da câmara, fazendo extrema oposição ao então Governador Adhemar de Barros, envolvendo-se assim em diversas e intensas discussões. Em seu curto mandato como vereador, conseguiu grandes avanços sociais, ganhando espantosa notoriedade na cidade. Seus grandes feitos elegeram-no deputado com o maior número de votos daquela época.

Voltemos ao Ibirapuera.

O SPFC estava até então sossegado, pois mandava seus jogos no Pacaembú e usava o Canindé apenas como CT, quando a diretoria ficara sabendo dos planos de pavimentação pública da cidade. Uma avenida de proporções gigantescas passaria pelo meio do terreno, gerando uma grande perda de espaço e a sua divisão. Estes fatores causaram grande preocupação e o desejo de livrar-se do terreno, Contudo, o grande impasse seria encontrar um novo local para edificar o fruto de sua ambição

A solução encontrada pela diretoria tricolor foi solicitar junto a prefeitura a posse permanente de uma área que antes fora considerada um pântano, mas que já estava sendo urbanizada, pois o projeto do Parque já se fazia presente.

A proposta consistia em uma troca simples:

o Canindé, menor e que seria cortado ao meio pela marginal Tietê, pelo Parque do Ibirapuera, com o clube apresentando ainda um projeto para a construção de um estádio nos moldes do Maracanã...

Esse sonho de querer ser maior do que sempre foi parece realmente uma obsessão. Havia acabado de tentar tomar para si o Pacaembu e agora planejava fazer o mesmo com uma área pequena

de aproximadamente 1,584 km², (terceiro maior parque urbano da cidade, perdendo apenas para o parque do Carmo e do Anhamguera)


Novamente, querendo tomar o que é do povo... algo normal para quem não possui escrupulo algum.

Naquela época, o cenário político da cidade era simples, o governador(Adhemar de Barros) indicava o prefeito que lhe fosse mais conveniente (realmente simples, bem simples).

Uma carta da prefeitura foi enviada a câmara APROVANDO a concessão do terreno. Tudo estava acertado, o SPFC só teria de esperar o final da votação para que pudesse arrumar, de novo, suas malas, com o aval do governador.

Contudo, antes do término da sessão, eis que a vassoura entra em ação... Jânio invade a assembléia e inicia sua metralhadora contra aqueles que queriam roubar o que deveria ser do povo.

A situação tornou-se totalmente incontrolável, principalmente quando um vereador adhemarista tentara interrompê-lo e Jânio apontando para ele grita:

FACISTAS!

Denunciando assim, todos os envolvidos na tramóia. Em seguida, Altimar Ribeiro de Lima, o autor da emenda, aos socos e pontapés adentra na câmara, visando Jânio. Enquanto o então vereador era socorrido, o povo invadia as ruas gritando:

viva o Vereador Jânio!

Vitória do povo paulistano, nova derrota para o SPFC, que ainda corria sérios riscos de ver grande parte de seu patrimônio usurpado perder o valor...

Portanto, caro leitor, quando estiver nas dependências do Ibirapuera para correr, passear com as crianças, ver as luzes de natal...

lembre-se daquilo que era para estar ali e que graças a Jânio, felizmente, não aconteceu.

Jânio Quadros, ex-presidente da República e um dos homens mais influentes de seu tempo foi reconhecido por suas obras que valorizavam a classe operária, por suas constantes lutas a favor de valores morais e éticos.

Além disso, foi o responsável pela legalização da venda da cachaça, pela criação do "imposto do burguês" que aumentava as taxas de áreas nobres, e tentou ainda impedir a comercialização da Coca-Cola, pois ele dizia que aquele era o "líquido negro do imperialismo".

Caso alguém não acredite, o próprio site do SPFC revela que o clube tentou sim o Ibirapuera, mas alega que era um terreno inútil, baldio e desinteressante.

Na parte anterior, vimos que por muito pouco o SPFC não tomou para si o Pacaembu recem-construído do povo paulista. Agora vemos novamente o poder público tentando de todas as formas beneficiá-lo. Esta foi a primeira das intervenções adhemaristas, na tentativa de beneficiar o time do Jd. Leonor.

Em seguida, entraremos na maior de todas as sugeiras:

a mudança definitiva do SPFC.

Revisão de texto: Carla Pinaffo
Agradecimentos: Comunidade Orkut O Porderoso Timão
 

Continua...



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